Flipper
era uma banda influente de São Francisco, Califórnia
formada em 1979 e continuando de maneira errática até o final da década de
1990. Entre seus membros fundadores estavam membros das bandas Sleepers e Negative Trend.
Nunca no topo das paradas ou com muitos seguidores,
a banda Flipper, de São Francisco, mudou o cenário do punk-hardcore mundial. Em
1982, o grupo lança sua primeira obra-prima, o single "Sex Bomb".
Em sete minutos, o riff pesado e repetido com o vocalista Will Shatter
cantando (ou gritando) apenas as palavras "She's a sex bomb/My
baby/Yeah" traduziu o que seria o Flipper: uma banda suja, que tocava em
um ritmo lento, muito grave e com letras provocantes.
Origens
Will Shatter (baixo e vocalista) e o restante dos
golfinhos, Bruce Loose (baixo e vocalista), Steve DePace (bateria) e Ted
Falconi (guitarra) formaram no final de 1979 a banda que viria a mudar o
cenário punk da Califórnia (antes do Flipper, Shatter e DePace tocavam na banda
de hardcore Negative Trend, no final dos anos 1970, que era muito influenciada
pelo fantástico grupo The Stooges, do ídolo Iggy Pop).
Curiosamente, a época pré-Flipper incluia a banda Five
White Guys with Dicks Bigger than Ni**ers, fundada por um tal de 'Jim', o
grande mentor do Flipper. O rapaz húngaro e "um pouco mais alto que Joey Ramone",
segundo Bruce Loose, tinha um enorme caminhão com todos os equipamentos
necessários para uma banda seguir viagem: um gerador, vários amplificadores
Marshall para guitarra e baixo, pedais, bateria e um sistema de P.A. Nem Bruce
Loose sabe que fim levou Jim. Essa banda começou a praticar sessões de jaming
com muita espontaneidade, tocar músicas de Jimi Hendrix
e participar de festivais, desde o começo de 1979. Após diversas formações,
inclusive com vários integrantes do futuro Flipper , os "White Guys"
foram extintos.
Carreira
Sem Jim, o White Guys agora era Flipper e no final
de 1979, a banda lança sua primeira música, "Earthworm", no EP
SF Underground junto com No Alternative, Tools e VKTMS, pela Subterranean Records.
Os primeiros momentos da banda foram marcados por
shows realizados em um clube chamado "The Deaf Club",
frequentado por pessoas surdas, literalmente. Ou seja, as pessoas não escutavam
as músicas, mas diziam que podiam "sentir a vibração" vinda da pista
de dança. O Flipper se divertia a sua maneira: em um dos momentos mais
hilariantes da banda, todos estavam animados para tocar em uma cidade, com um
estado de espírito um tanto quanto alterado. Mas chegando ao palco, viram que
tudo era diferente do imaginado e começaram a aborrecer e a insultar o público presente.
Nas inusitadas perfomances ao vivo do grupo, tudo era regado com muito álcool e
não havia limites. Microfonia da melhor qualidade possível e instrumentos
tocados de forma aleatória mas incrivelmente bem entrosados.
O Flipper era uma banda relaxada até em demasia, e
que não ligava a mínima se era adorada ou odiada. Eles apenas tocavam com certa
atitude até não aguentarem mais; talvez por isso a banda tenha sofrido vários
desmanches e recaídas, e uma carreira que não durou mais que 15 minutos. Mas felizmente,
essa curta carreira foi o suficiente para render bons discos e atrair um dos
maiores fãs da banda, Kurt Cobain, líder do Nirvana.
Com a música "Sex Bomb" se
tornando o referencial para o Flipper, eles lançam o seu álbum de estréia, o
melhor e mais conhecido: Álbum — Generic Flipper. Sem dúvidas um disco
muito bem realizado, com faixas de boas a ótimas e que transcrevem sentimentos
de anonimato e desespero, mas com momentos de humor. Depois de Generic, nenhum
disco do grupo conseguiu ser tão bom. E nem precisava. No geral, o som do
Flipper podia ser descrito como monótono, trash, barulhento,
lento e alto. Mas que chama muito a atenção. Eram claras as inflências de
bandas como Sex Pistols, Stooges e MC5.
Em 1983, a banda fez uma participação no obscuro
filme "Emerald Cities", de Rick Schmidt. O longa era sobre a
história de uma jovem que sai de casa à procura de sua fortuna. Durante a
jornada, ela se aventura nas ruas e frequenta casas punk, presencia shows de
hipnotismo, destruição nuclear e outras bizarrices. A faixa "Shine",
do Flipper, fazia parte da trilha sonora.
Em 1984, surgem os discos Blow'n Chunks (ao
vivo) e Gone Fishin, seguido por mais um com registros ao vivo, o LP
duplo Public Flipper Limited de 1986. Por fim, em 1988, é lançado o Sex
Bomb Baby, então último disco da banda, que no final de 1987 havia se
separado por causa da trágica morte do lendário Will Shatter, por overdose de heroína
no dia 9 de dezembro.
O Retorno
Em 1990, os três membros remanescentes da banda
decidem reunir o Flipper novamente, e John Dougherty é o substituto de Shatter.
Com a nova formação, o grupo sai em turnê com os Melvins
e a banda Gwar
e em 1991 lança o LP Nürnberg Fish Trials, pela Musical Tragedies. O
disco tinha performances ao vivo da banda na Alemanha, e aparentemente apenas
2000 cópias foram prensadas.
A banda decide que era hora de gravar um novo álbum
de estúdio. American Grafishy sai em 1993. O novo disco era diferente
dos anteriores, tinha uma levada mais rápida e foi claramente influenciado pelo
som dos Melvins. No mesmo ano, o grupo infelizmente é obrigado a se separar
novamente. Bruce Loose sofre um lamentável acidente de carro, que prejudica sua
coluna e o impede de tocar. Em 1997, John também é vítima da heroína. Sofre de
overdose e acaba morrendo.
No ano de 2000, a banda é convencida a voltar mais
uma vez e acaba gravando vários tributos, mas fica impossibilitada de realizar
turnês, já que os membros agora possuem família e filhos. Entre os tributos
gravados, o Flipper participa do disco Smells Like Bleach: A Punk Tribute to
Nirvana (2000), com a faixa "Scentless Apprentice"; A Metallica
Tribute (2001), com a faixa "Sad But True"; A NOFX Tribute (2002),
com a faixa "Hot Dog in a Hallway"; e finalmente A Punk
Tribute to Weezer
(2002), com a faixa "Hash Pipe".
Em 2002, Bruce Loose, então pai de um adolescente,
por seqüela de seu trágico acidente automobilístico, usa uma bengala para poder
manter-se de pé no palco durante uma apresentação da banda que ele chamou de "Not
Flipper", no Berkeley's 924 Gilman Street. Falconi estava fora.
Segundo notícias ou boatos, durante a ocasião, DePace estava negociando
histórias do Flipper com grandes publicações e editoras. Ele morava nos
arredores de Los Angeles e trabalhava na indústria de animação.
Os membros originais do Flipper, com a exceção de
Will Shatter, obviamente (Bruno "DeSmartass" o substituiu, assim como
fez numa turnê de 1982), se reuniram em 22 e 28 de agosto de 2005 para a
realização de dois shows que serviram para dar assistência à tradicional casa
punk CBGB
(que na época estava quase falindo, fato que veio a se concretizar em outubro
de 2006). O cantor Bruce Loose apareceu mais uma vez no palco segurando uma
bengala. Desde então, a banda continuou realizando pequenos shows e permanece
na atividade.
Em dezembro de 2006, Bruno foi substituído por
Krist Novoselic, ex-baixista do Nirvana, para a realização de turnês no Reino
Unido, Irlanda e Estados Unidos. A canção do Nirvana "Scentless
Apprentice", gravada pelo Flipper na coletânea de tributo ao Nirvana,
foi incluída no setlist do grupo.
Durante uma entrevista a Mike Watt, em maio de
2007, Novoselic anunciou que o Flipper estava gravando novas músicas para o
lançamento de um novo disco. Esperava-se que o disco saísse no segundo semestre
de 2007, mas fala-se no lançamento apenas em 2008. O novo álbum está sendo
produzido por Jack Endino, famoso pelo seu trabalho no primeiro álbum do
Nirvana, Bleach.
O Flipper na Música
O Flipper foi uma banda evidentemente influenciada
pelo punk dos Sex Pistols, Stooges, Ramones
e MC5, embora alegasse que nunca tocava punk, e sim P.E.T.-rock. Apesar de
muito desconhecido e com poucos fãs, é inegável a importância histórica do
grupo, que inclusive ainda não teve toda sua discografia disponibilizada no
formato CD. Mesmo que indiretamente, o Flipper foi responsável por uma das
transações do punk, já que serviu de influência para: Nirvana, Mudhoney
(Mark Am inclusive escreveu notas para o disco Sex Bomb Baby), The
Melvins, e tantos outros. Bandas como o R.E.M. ou Faith No More,
chegaram inclusive a realizar performances ao vivo com covers do Flipper
É muito difícil se conseguir um disco da banda por
problemas de catálogo e desinformação. Por isso, graças aos programas de trocas
de arquivos, como o Soulseek, já é possível ter acesso à várias Mp3 do grupo.
Discografia
Álbuns de Estúdio
- Generic Flipper (1982, Subterranean Records)
- Gone Fishin' (1984, Subterranean Records)
- American Grafishy (12 de janeiro de 1993, Def American)
Álbuns ao Vivo
- Blow'n Chunks (1984, ROIR)
- Public Flipper Limited Live 1980-1985 (1986, Subterranean Records)
- Nürnberg Fish Trials (1991, Musical Tragedies)
- Live At CBGB's 1983 (1997, Overground)
FONTE.: http://pt.wikipedia.org/wiki/Flipper
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