Pearl
Jam é uma banda norte-americana de rock alternativo, formada no ano de 1990 em Seattle, Washington. Desde sua origem, sua formação incluiu Eddie Vedder (vocais, guitarra rítmica), Jeff Ament (baixo), Stone Gossard (guitarra rítmica) e Mike McCready (guitarra solo), passando por mudanças na bateria, sendo Matt Cameron, que também compõe o Soundgarden,[2] o atual baterista da banda.
Formada
após a dissolução da Mother Love Bone, banda
anterior de Ament e Gossard, o Pearl Jam estourou no mainstream com seu primeiro álbum, Ten.
Uma das bandas-chave do movimento grunge dos anos 90, o Pearl Jam foi criticado em seu início, sendo
estereotipado como um grupo com propósitos somente comerciais. Todavia, através
da carreira da banda, seus membros se tornaram notados pela sua recusa por
aderir às tradicionais práticas da indústria musical,
incluindo a recusa em produzirem videoclipes e o engajamento em um boicote contra a Ticketmaster. Em 2006, a Rolling Stone descreveu a banda como tendo "gastado
muito da última década deliberadamente tentando destruir sua própria
fama."
Desde
sua formação, a banda já vendeu mais de 30 milhões de álbuns nos Estados
Unidos, e um número estimado de 60 milhões ao redor do mundo. O Pearl Jam já
superou diversos de seus contemporâneos do rock alternativo do começo dos anos 90, sendo considerada uma
das bandas mais influentes da década. O Allmusic se refere ao Pearl Jam como "a banda americana
de rock & roll mais popular dos anos 90."
Stone Gossard e Jeff Ament eram, no meio dos anos 80, membros da Green River, uma das
bandas pioneiras do movimento grunge. Com essa banda, eles gravaram e se
apresentaram até atingirem um sucesso moderado, mas a banda foi dissolvida em
1987, em razão de conflitos de estilo entre os dois e os demais integrantes — Mark Arm e Steve Turner, que viriam a formar o Mudhoney. Gossard e Ament, então, começaram a tocar com Andrew Wood, vocalista do Malfunkshun, algo que viria a se tornar a banda Mother Love Bone. Em 1988 e 1989, o conjunto gravou algumas
músicas e fez alguns shows, atraindo um interesse crescente pela sua música; no
começo de 1989, a banda conseguiu apoio da gravadora PolyGram, que assinou com eles. Apple, álbum debut do Mother Love Bone, foi lançado em julho de 1990,
quatro meses após Wood ter morrido, vítima de uma overdose de heroína.
Devastados
com a morte de Wood, Gossard e Ament encerraram o Mother Love Bone. Gossard,
por sua vez, passou a trabalhar em um material mais pesado, mais
"afiado" em relação ao que vinha fazendo antes. Depois de alguns
meses ele começou a praticar com seu amigo guitarrista Mike McCready, cuja banda, Shadow, havia acabado; McCready,
por sua vez, encorajou Gossard a se reestabelecer com Ament. Após ensaiarem por
um tempo, o trio lançou uma fita demo, buscando encontrar um vocalista
e um baterista. Eles deram esta fita à Jack Irons, ex-baterista do Red Hot Chili Peppers,
para ver se ele estaria interessado em unir-se à banda e, também, para que a
distribuísse, buscando encontrar um vocalista.
Irons
rejeitou o convite, mas enviou o demo a um amigo seu de San Diego chamado Eddie Vedder. Vedder fora o vocalista de uma banda local
chamada Bad Radio, trabalhando em um posto de gasolina durante o dia. Ele ouvia
a fita antes de ir surfar, enquanto as letras vinham à sua cabeça. Ele, então, gravou os vocais de
três das cinco músicas ("Alive",
"Once" e "Footsteps"), algo que ele descreveu como uma
"mini-ópera" intitulada Mamasan. Vedder enviou a fita com seus
vocais para os três músicos em Seattle; eles ficaram tão impressionados que
fizeram Vedder voar para Seattle para uma audição. Em uma semana, Vedder havia
se juntado à banda.
No
meio de 1990, Chris Cornell abordou Gossard e Ament com
duas músicas que ele havia escrito em tributo à Andrew Wood, com a intenção de
lançá-las como single. Ament descreveu a colaboração como "uma coisa
muito boa à época" para ele e Gossard, que colocou-os numa "situação
onde eles podiam tocar e fazer música". A formação desse conjunto foi
completada com a adição de Matt Cameron, baterista do Soundgarden (e, futuramente, do Pearl Jam), Mike McCready
(futuro guitarrista solo do Pearl Jam) e Eddie
Vedder fazendo vocais de apoio em
diversas canções, assim como um dueto com Chris Cornell em "Hunger
Strike". Eles se intitularam Temple of the Dog, uma referência à uma linha de "Man of
Golden Words", do Mother Love Bone. As duas canções propostas por Cornell
seriam, eventualmente, trabalhadas no primeiro e único álbum da banda, Temple of the Dog,
lançado no fim de 1990.
Com
o reforço de Dave Krusen na bateria, a banda assumiu o
nome de Mookie Blaylock, em referência ao então jogador de basquete. A primeira apresentação oficial desse conjunto foi
no café Off Ramp, em Seattle, em 22 de outubro de 1990 e, logo, o grupo assinou
com a Epic Records. Todavia, preocupações com questões de marca
registrada tornaram necessária uma mudança no nome; o "Mookie
Blaylock", então, passou a se chamar "Pearl Jam". Em uma
entrevista promocional, Vedder disse que o nome "Pearl Jam" era uma
referência à sua bisavó Pearl que era casada com um nativo americano e
tinha uma receita especial para geléia de peiote.
Em uma entrevista para a revista Rolling Stone, em 2006, ele admitiu que aquela história
era uma "mentira total", ainda que, de fato, sua bisavó se chamasse
Pearl. Ament e McCready explicaram que Ament viera com "pearl", tendo
a banda completado com "Pearl Jam", após assistirem a um show de Neil Young, no qual ele estendeu suas músicas com
improvisações de 15 a 20 minutos, uma prática conhecida como jamming.
Após a turnê de
suporte à Yield, o Pearl Jam fez um pequena pausa, mas se reuniu
novamente e, próximo ao fim de 1999, a banda começou a trabalhar em um novo
álbum. Em 16 de maio de 2000, a banda lançou seu sexto álbum de estúdio, Binaural, o primeiro
com Matt Cameron na bateria. O título é uma referência à técnica de gravação binaural, utilizada em diversas faixas pelo produtor Tchad
Blake, conhecido pelo uso da técnica. Binaural foi o primeiro álbum da
banda a não ser produzido por Brendan O'Brien, ainda que, depois, ele tenha
sido chamado para mixar algumas faixas. Gossard afirmou que os membros da banda
estavam "prontos para uma mudança." Jon Pareles, da Rolling Stone, disse:
"Aparentemente tão cansados do grunge como todo mundo, exceto os fãs de Creed,
o Pearl Jam mergulhou em outra onda." O álbum contém letras mais sombrias
do que Yield — Gossard descreveu-as como "muito sombrias". De Binaural
saíram os singles "Nothing as It Seems" — uma das músicas com
gravação binaural — e "Light Years". O álbum vendeu pouco mais de 700
mil cópias, se tornando o primeiro álbum de estúdio do grupo a não atingir a
certificação de platina.
O Pearl Jam
decidiu gravar, profissionalmente, cada um dos shows da turnê de suporte à
Binaural, ocorrida em 2000, após notarem a popularidade dos bootlegs e o interesse dos fãs em possuírem uma cópias dos
shows em que estiveram. A banda, no passado, estava aberta aos fãs que
quisessem fazer gravações amadoras dos shows, e esses "bootlegs oficiais"
foram uma tentativa de prover aos fãs um produto de melhor qualidade. A
intenção da banda era lançá-los somente para os membros do fã-clube, mas o
contrato de gravação do grupo os impedia; o Pearl Jam, então, lançou todos os
álbuns em lojas de discos, assim como em seu fã-clube. A banda lançou 72 álbuns
ao vivo entre 2000 e 2001, definindo um recorde de mais álbuns a estrearem na Billboard
ao mesmo tempo.
A turnê europeia
de 2000 terminou de forma trágica, com um acidente no Festival de Roskilde, na
Dinamarca. Nove fãs foram pisoteados e sufocados até a morte na plateia. Após
numerosos pedidos dos oficiais do Festival para que a banda parasse de tocar,
eles pararam e tentaram fazer a multidão se afastar, mas já era tarde demais.
As duas datas restantes da turnê foram canceladas e os membros pensaram em se
aposentar depois do ocorrido. O Pearl Jam foi, inicialmente, considerado
culpado pelo incidente, embora algum tempo depois, tenha se livrado da
responsabilidade.
Um mês após a conclusão
da turnê europeia, a banda embarcou em uma turnê norte-americana. Em 22 de
outubro de 2000 a banda tocou no MGM Grand, em Las Vegas, celebrando o décimo aniversário da primeira
apresentação da banda. Vedder aproveitou a oportunidade para agradecer às
diversas pessoas que haviam ajudado a banda a ficar junta e chegar aos dez
anos, observando que "nunca faria isso aceitando um Grammy ou coisa do
tipo." A música "Alive" ficou, propositalmente, de fora de todos
os shows dessa turnê até o da noite final, em Seattle; nessa noite, a banda se
apresentou por mais de três horas, tocando a maioria de seus sucessos, além de
covers como "The Kids Are Alright"
e "Baba O'Riley", do The Who. Após o término da turnê de Binaural, o Pearl
Jam lançou o Touring Band 2000, no ano seguinte, um DVD com performances
selecionadas de shows da turnê norte-americana.
Após os ataques de 11 de setembro de
2001, Vedder e McCready se juntaram à Neil Young para tocarem
"Long Road", do EP Merkin Ball, no concerto beneficente America: A Tribute to Heroes,
em 21 de setembro de 2001, que levantou fundos para as vítimas do atentado e
suas famílias.
Em
24 de março de 2009, o primeiro álbum do Pearl Jam, Ten,
foi relançado em quatro edições, com alguns extras, como remasterização e um remix
completo do álbum feito por Brendan O'Brien, um DVD da banda no MTV Unplugged de 1992, e um LP de um show realizado em 20 de setembro de 1992 no Magnuson Park, em Seattle. Foi a primeira reedição de um
planejamento que envolve relançar todo o catálogo do Pearl Jam, até o 20º
aniversário da banda, em 2011. Um filme de retrospectiva do Pearl Jam, dirigido
por Cameron Crowe e intitulado Pearl Jam Twenty também é
planejado para um lançamento que coincida com o aniversário. Em 5 de janeiro de
2011 a banda anunciou que Vs. e Vitalogy seriam relançados na primavera em formato de
luxo.
O
Pearl Jam começou a trabalhar no álbum subsequente à Pearl Jam no começo
de 2008. Em 2009, a banda começara a desenvolver o instrumental e algumas
faixas demo escritas durante o ano anterior. O nono álbum de estúdio de banda, Backspacer, foi lançado em 20 de setembro de 2009,
estreando na primeira posição da Billboard, o primeiro álbum da banda a
atingir tal marca desde No Code, em 1996. As músicas do álbum apresentam
uma sonoriadde influenciada pelo pop e pela New Wave. Stephen Thomas
Erlewine, do Allmusic, disse que a música do álbum é "casual e
divertida". Sobre as letras, Eddie Vedder disse: "Eu tenho tentado,
ao longo dos anos, ser esperançoso nas letras, e eu acho que isso vai se tornar
mais fácil agora." "The Fixer" foi escolhido como primeiro
single do álbum, além de também ter sido feito um videoclipe para a música,
dirigido por Cameron Crowe, com sequências do show secreto realizado em
Seattle, em maio.
Enquanto o Nirvana
levou o grunge ao mainstream, no começo dos anos 90, o Pearl
Jam rapidamente superou-os em termos de vendas, tornando-se "a banda de rock
& roll americana mais popular dos anos 90", de acordo com o Allmusic.
O Pearl Jam tem sido descrito como "os estilistas mais influentes do rock moderno — as perfeitamente acabadas canções explosivas em
ritmo médio, como 'Alive' e 'Even Flow', melódicas o suficiente para fazerem moshers
cantarem junto." A banda inspirou e influenciou um número de outras
bandas, como Silverchair, Puddle of Mudd e The Strokes. O Pearl Jam, também, tem durado mais do que seus
contemporâneos do grunge, como Nirvana e, mais recentemente, Alice in Chains e Soundgarden.
O Pearl Jam tem
sido elogiado pela sua rejeição aos excessos da vida de estrela do rock e por
sua insistência em apoiar as causas em que acreditam. O crítico musical Jim
DeRogatis disse, à época do encerramento da batalha da banda contra a
Ticketmaster, que isso "provou que uma banda de rock que não é composta
por cabeças gananciosas pode tocar em estádios e não sugar cada centavo do
público... isso indicou que o idealismo no rock 'n' roll não é privilégio
daquelas bandas dos anos 60 que estão no Hall da Fama do Rock and Roll."
Eric Weisbard, da Spin, disse em 2001 que "O grupo que uma vez foi
acusado de tocar um grunge sintético agora parece tão orgânico e baseado em
princípios quanto existe." Em uma enquete realizada pelo USA Today, em 2005, o Pearl Jam foi votado como a maior
banda americana de rock de todos os tempos. Em abril de 2006 a banda recebeu o
prêmio de "Best Live Act" ("Melhor Atuação ao Vivo") do
Esky Music Awards, da Esquire; a sinopse do prêmio se
referiu ao Pearl Jam como "as raras superestrelas que ainda tocam em cada
show como se pudesse ser o último." Os "seguidores" da banda
(por vezes chamados de "Jamily") têm sido comparados aos do Grateful Dead, com a Rolling Stone afirmando que o
Pearl Jam "excursionou incessantemente e se tornou um dos maiores atos de
rock de arena, atraindo um grupo de discípulos parecidos com os do Grateful
Dead, com uma maratona de shows [...] no raro espírito de Bruce Springsteen, The Who e U2."
Quando perguntado
sobre o legado do Pearl Jam, em uma entrevista de 2000, Eddie Vedder disse:
"Eu penso que em algum ponto ao longo do caminho, nós começamos a sentir
que queríamos dar às pessoas algo em que acreditassem, porque nós sempre
tivemos bandas que nos deram isso, quando precisamos de algo para acreditarmos.
Esse foi o nosso grande desafio após o primeiro álbum e a resposta que ele
teve. O objetivo, imediatamente, se tornou em como nós continuaríamos sendo
músicos e crescer e sobreviver em vista de tudo isso... As respostas nem sempre
foram fáceis, mas acho que encontramos um jeito."
Discografia
Ten
(1991),
Vs.
(1993),
Vitalogy (1994),
No Code (1996),
Yield
(1998),
Binaural (2000),
Riot Act (2002),
Pearl Jam (2006)
Backspacer (2009)